DJ Lindão fala do sucesso nas comunidades do Rio

                O ex MC ainda lança mais um podcast com participação especial de pagodeiro


 Por Augusto Vianna

DJ Lindão (Foto: Reprodução)

Nascido na comunidade da Vila Aliança, Marcos Kaique de Oliveira, 23, mais conhecido como DJ Lindão, já colhe os frutos do sucesso diante de diversas comunidades do Rio de Janeiro.  Mas antes de ser tornar DJ, o jovem de origem humilde servia o quartel e sonhava em se tornar um MC.

"Antes de DJ Lindão, eu era o Kaique, era do quartel. Servia as forças armadas, fiquei 2 anos e 6 meses, mais ou menos. E quando eu entrei de férias no quartel, eu decidi focar com meu primo essa parada de funk, tá ligado?" conta ele.

Kaique começou a ir a casa de seu primo no bairro de Campo Grande, também na zona Oeste, e produzir músicas. Foi quando começou seu verdadeiro envolvimento com o funk.

Se tornou então o  MC Kaique e chegou a ter músicas tocadas na rádio e até mesmo um clipe musical na “Furação 2000”, empresa  destinada a lançar talentos do funk.

Como MC teve a música “pode, pode se sacode”, antes de ser tornar DJ.  Lançou também outras músicas, como, “Passinho do Mico, e ficou conhecido na comunidade e em outros lugares ao redor.

As músicas que eram as mais tocadas, Marcos acrescentava batidas e até mesmo dava ideias e já demonstrando entender como um profissional trabalhava.

Depois de seguir os primeiros passos dentro do mercado do funk, viu sua música parar de ser tocada nas rádios e saiu do quartel ficando desempregado.

“Eu fiquei desempregado 10 meses sem 1 real no bolso.  Foi a parte que eu mais passei perrengue na vida. Saí do quartel achando que ia virar MC estourado e o caramba” diz ele.

Passando por dificuldades financeiras chegava a recusar convites dos amigos para sair dizendo até mesmo que estava doente.

“Eu ia à praça, aonde for, amigo meu me chamava pra beber e eu não queria beber porque eu não tinha dinheiro. Eu falava que estava com a garganta inflamada,” confessa Kaique.

Trabalhando em um restaurante e com a mãe de seu filho grávida chegava a ir andando para hospital por não ter dinheiro para pegar uma condução. Passando por esse momento critico diversas pessoas que estavam ao seu lado antes e naquela fase não estava.

“Foi a maior dificuldade de ver quem é quem. Quem apertava minha mão e não queria apertar mais, de trabalhar em um restaurante lavando pratos e ver pessoas que me viam como famoso, me vendo lavar pratos. Eu chorava muito. De eu ter que sair do segundo Brizolão com a mãe do meu filho quando ela estava grávida, e ir até o hospital da mulher  a pé porque eu não tinha o dinheiro da passagem, e ela barriguda”, diz.

Largando a carreira de MC e decidindo se tornar DJ, pedia para tocar nos bailes. Ficava até de manhã esperando uma oportunidade para tocar. Quando dava 6 horas da manhã tocava quatro montagens e já emendava mais umas produções.

Decidido a fazer seu som em mais lugares, mandou mensagem para um rapaz, dono de um pagode, em Senador Camará pedindo uma oportunidade para se apresentar.

“Eu mandei uma mensagem pra ele e falei assim ‘Boa noite. Tô batendo em todas as portas, queria uma oportunidade para mim tocar no teu evento. Ai ele falou: Pô cara! Fixo não dá pra te colocar, não. Mas vem aqui dar uma palinha aqui e tal.’ Ele ia me dar cem reais. Eu orei pra caramba, fiz tudo. Eu arrumei a bolsa, botei uma roupa lá, eu não tinha roupa na época e peguei uma roupa emprestada e fui pra parada[pagode] dele.  Falei que Deus ia me abençoar. Quando eu toquei três músicas. Um amigo meu DJ Apolo falou que Carlinho mandou anunciar que eu era  fixo toda semana,” explica ele.

Vindo de família sofrida e tocando apenas nos bailes, hoje com a agenda lotada de em média 50 apresentações por mês e patrocínio de roupas mostra seu talento em casas de show.

“Tipo assim! Eu quando eu quis virar DJ, o meu sonho era só tocar na série gold [equipe de som famosa nos bailes], na frente da minha favela, pra minha comunidade e jamais o que Deus está me proporcionando hoje. Sair da favela e tocar em casa de show. No caso, eu sou o único de DJ de terceiro(comando), entre aspas. Porque  eu não sou terceiro, eu não tenho facção. No caso da minha comunidade de terceiro, o único sou eu que está fazendo sucesso. Eu enfrento [o preconceito] até hoje ,de falarem “Ah! DJ de alemão”, conta ele.

Pensando em aumentar o seu público e alcançar diversas comunidades, o jovem de 23 anos, decidiu mudar suas músicas e atingir mais seguidores. Levantou todo o público em uma comunidade diferente da que nasceu.

“Fui parando de fazer musicas, até com o nome da minha comunidade. No caso, eu quebrei barreiras. Há muito tempo que não ia acontecer isso de um DJ da Vila Aliança tocar na Vintém,” conta ele que levantou todo o público na Vila Vintém, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro.

O ex mc durante uma de suas apresentações.(Foto:Reprodução)
Os “proibidões” deixaram de fazer parte do repertório durantes as apresentações. Fazendo música neutra, sem nome de favela e dizendo durante as apresentações que não era bandido e que era apenas DJ.

“Minha facção é dinheiro no bolso, comprar o leite do meu filho, sustentar minha família. Isso que é o meu trabalho, o meu foco. Eu não queria levantar bandeira de facção, igual muito DJ faz, fazer proibidão. Eu não faço proibidão, eu faço putaria,” disse.

Ser pai sempre foi um dos seus maiores sonhos na vida. Desde os seus 5 anos de idade é criado pela mãe que segundo ele faz papel de mãe e de pai ao mesmo. Hoje é pai de Lucca Gabriel, de 5 meses de vida.

“E eu tenho maior vontade de ser pai a muito tempo. E é uma sensação inexplicável . Porque eu não tenho pai, então, eu era muito carente por esse lado. Por mais que eu tivesse padrasto, mas eu tinha o sonho de ser pai, de ter meu filho. Eu olho pro meu filho e me dá vontade de  chorar. E uma coisa que eu tinha a muito tempo. Então o amor que eu tenho pelo meu filho é inexplicável. Ser pai fui uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida,” explica.

A escolha do nome artístico é dos assuntos que ele mais se diverte quando fala. Ainda desempregado nessa época e decidido focar na carreira apenas de DJ, não podia colocar DJ Kaique para não colidir com o seu antigo nome de trabalho. Começou a andar com os “divos”, os famosos da internet que colocavam os seus sobrenomes de “Lindão” nas redes sociais e partir das brincadeiras chegou a escolha do nome.

“O MC Cabeça lá do outro lado da ponte, que é meu parceiro lançou a vinheta ‘Isso é DJ Lindão pra caralho porra. Respeita esse nome’. Começou a jogar na minha produção e pegou. Do nada geral me chamava de Kaique, MC Kaique, e do nada começaram a chamar de ‘lindão’.  Eu mesmo sei que eu não sou lindo, mas o bagulho pegou e foi que foi,” explicou ele dando risada.

Em seus shows o público pede para ele cantar, mas a carreira de MC já não faz mais parte dos seus planos, pelo menos por enquanto. Mas ele garante que a interação com a galera é a mesma.

“Eu não consigo me ver como MC, porque eu consigo fazer tudo no palco e é aonde eu venho me destacando. Aquele DJ malucão que sobe e mexe com a galera, canta a musica antes e zoa,” diz.

Montar um estúdio e ter sua própria produtora, é um dos sonhos do  rapaz de apenas 23 anos que também quer ter sua produções tocadas nas rádios.
“Sonho é igual degrau. Você tem um, você conquistou um e vai ter outro e assim sucessivamente. Tenho muitos sonhos a traçar a frente. No final de tudo, quero alcançar meu patamar e viver do funk.”, revelou.

Sempre com bastante alegria nos palcos, tirando fotos  e falando com todo mundo, a timidez é um dos seus pontos fracos de sua vida.

“Eu sou malucão! Eu só falo besteira no dia a dia. Mas eu sou mais tímido. Quando eu estou tocando eu falo muita coisa que eu não teria coragem de falar quando não estou tocando. A timidez me atrapalha um pouco, mas sou isso ai mesmo. Mas o Kaique é piroca da ideia.” disse ele.

Lançou o seu primeiro podcast 001 e em um dia bateu mil visualizações. O podcast 002 bateu 2 mil, o podcast 003 em um dia beteu 10 mil plays.
O terceiro podcast foi grande sucesso na sua carreira chegando a ter 400 mil players em suas plataformas como Youtube e soundcloud, “O podcast 003 tomou uma proporção que nem eu esperava”, completou ele.

Podcast 003 foi um grande sucesso (Foto: Divulgação)
Com uma grande responsabilidade em manter o sucesso de suas  produções anteriores, o  ex-mc traz diversas novidades nesse seu novo trabalho.

“Esse meu podcast agora eu vou vir com muita responsabilidade porque todo mundo se amarrou no 003. No 004 agora eu inovei que nem DJ com nome estava fazendo. Vou botar foto tipo ostentação, botei nota de dólar, hoje em dia tem uma controladora, não estou mais com IPAD, coloque até uma dançarina. Procurei evolui r não sou no podcast 004, mas tanto na minha equipe, no meu trabalho e vice e versa”, diz.

Uma das novidades desse novo trabalho é a participação do pagodeiro Binho Simões que é amigo do DJ.

DJ lindão e o pagodeiro Binhões Simões para o podcast 004 (Foto: Divulgação)
“E agora eu vim com o Binho Simões de participação. Quando acaba um podcast tu não vai querer ouvir outro, ai botei o Binho Simões para botar um pagode ao vivo, uma zoação,” finalizou ele.


O lançamento será no próximo dia 12 de outubro ás 19h em suas redes sociais.

Comentários

  1. Linda história, serve pra mostrar a quem tá começando que o sonho é possível mas nunca vêm fácil, o segredo é nunca desistir!
    Parabéns meu amigo Augusto Vianna pela matéria irmão, excelente trabalho!

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    1. Valeu meu mano Dan! Persistir é a fórmula para o sucesso de todos nós.

      Muito Obrigado.

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